quarta-feira, 20 de junho de 2007

reflexão sobre a função pública

Um belo dia, liguei para os serviços de atendimento ao cliente duma operadora de telecomunicações, cujo nome, não querendo fazer publicidade, significa muito, mas mesmo muito, mas mesmo mesmo muito bom, em latim. Queria apenas tirar umas dúvidas sobre se os cangurus saltavam assim tão alto como eles mostravam nos anúncios publicitários. A menina atendeu-me muito bem, foi muito gentil, esclareceu-me, desliguei o telemóvel e fui à minha vida. Até aqui, vocês podem perguntar: "Mas que raio tem isto a ver com a função pública?" - Nada! Rigorosamente nada. Mas continuem lá a ler. Passados uns dias ligaram-me da dita operadora a perguntar se eu não me importava de responder a um questionário sobre o atendimento que tinha tido aquando da chamada que havia feito. Nestes casos fico sempre inseguro. Não é preciso ter muita atenção para reparar que os tubarões do marketing se munem de artifícios cada vez mais elaborados para devorar o já de si magro orçamento dos cidadãos comuns e desprotegidos, qual cardume de petingas. A menina disse que ia ser rápido e eu lá aderi. O questionário era mesmo sobre a forma como fora atendido, fui interrogado sobre a simpatia, sobre a utilidade do telefonema, perguntou-me se voltaria a utilizar o serviço, enfim, essas coisas. A esta hora os mais atentos são capazes de já ter entendido aonde eu quero chegar...
Numa altura em que se fala da reforma da função pública e na promoção em vez de progressão, eu receio a possibilidade de tudo ficar na mesma ou pior ainda, dependendo de quem será responsável pela avaliação do desempenho dos funcionários. Imaginem que eu trabalhava para o estado e era responsável pela avaliação dum grupo de funcionários nos quais se incluíam um grande amigo meu, o tipo que me tratava do jardim ao fim de semana (não esquecer que este também me tratava dos cães durante as minhas merecidas férias) e um irmão meu. Já eram três funcionários públicos a ter nota máxima todos os anos. Parece-vos justo? A mim não, e foi por isso mesmo que tive a seguinte ideia, que talvez precise de ser mais desenvolvida, mas que contém já o essencial:
Penso que deveria ser criado um sistema do género daquele que eu descrevi no início do artigo, para avaliar, pelo menos os funcionários que lidam directamente com o público. Imaginem que eu ia à câmara municipal tratar dum documento qualquer. O funcionário que me atendia registava o meu nome, o meu contacto e o assunto. No dia seguinte ligavam-me dos serviços centrais com um questionário sobre o atendimento, incluindo a simpatia, a competencia, a celeridade, e quaisquer outros aspectos que entendessem necessários. Eu respondia e juntavam as minhas respostas à base de dados que automaticamente classificava o funcionário. Para evitar falsificações, caso eu não fosse contactado durante um determinado (curto) período, deveria imediatamente reclamar junto dos serviços centrais, sendo criada uma linha gratuita para o efeito. Mas será que a seguir me ligavam novamente a perguntar o que eu achara do funcionário que tinha feito o primeiro questionário, dando assim origem a um ciclo vicioso que nunca mais terminaria? Claro que não. Neste serviço poderiam trabalhar empresas de tele-sondagens contratadas anualmente através de concursos públicos. Um dia, talvez todo o processo chegasse a acontecer exclusivamente através de computadores, sem necessidade de telefonistas (sim, eu sei que agora é muito mais chique chamar-lhes operadores de call center).

Saudações democráticas

Pergunta: Depois de quase um mês sem notícias minhas, acham que ainda valeu a pena lerem isto?

1 comentário:

Anónimo disse...

ola amigo!

vale sempre apena ler os teus pensamentos e partilhar ideias ctg ;)

a tua ideia parece-me boa!

de facto qqr ideia parece melhor do q a apresentada pelo governo para as avaliações dos funcionários publicos. ve la se isto nao é estupido:

apenas 5% dos funcionarios dos serviços podem ter nota "Muito bom", o q lhes permite progredir na careira da função publica. ora... se 5% dos funcionários pertencem as chefias, tasse mesmo a ver que é q vai poder progredir...

outra questao:
existem as notas negativas q possibilitam a rescisao contractual sem justa causa de funcionarios q se portem mal 2 anos consecutivos... haverá algum funcionario no seu perfeito juizo q se pronuncie acerca de uma nota injusta????

isto pra mim sinceramente é ...

bem por muitas palavras q procure, a q me unica q me ocorre, é... Primário

vamos chorar com isto? axo q a melhor coisa ainda é rir com a falta de qualidade das pessoas q "arkitectam" estas manhas.

saudações cordiais